Sobre a Profissional

Margarida Antunes Chagas (CRP 06/83646)


Em minha experiência profissional, atuando como terapeuta cognitiva em clínica e orientando profissionais em organizações, percebi a dificuldade que muitos indivíduos enfrentam para modificar comportamentos prejudiciais em vários aspectos das suas vidas, seja no ambiente corporativo, afetivo, familiar ou social.

É comum que as pessoas percebam com facilidade quais são os comportamentos negativos, mas são incapazes de controlar a frequência e diminuir os prejuízos provocados por eles.

A mudança efetiva acontece como consequência de um trabalho clínico orientado, mas também é possível conseguir resultados significativos utilizando técnicas específicas.

A Teoria Cognitiva de Beck (Beck, Aaron T.) explica que durante a infância são formadas as nossas crenças (crença nesse contexto não está relacionada com religião, mas com a forma como levamos a vida, em que acreditamos, no nosso padrão de respostas aos estímulos externos e etc.). Elas são estabelecidas de acordo com as relações familiares e ambientes social e cultural no qual estávamos inseridos durante a fase de desenvolvimento.

Com o passar do tempo essa “crença central” gera crenças intermediárias, que são as responsáveis por nossa interpretação do mundo, ou seja, funcionam como filtro para agirmos de uma maneira ou outra em diferentes situações.

A análise das interpretações após o filtro das nossas crenças é a chave para o início das mudanças esperadas. Temos pensamentos (resultado das crenças) formados a respeito de quase tudo e esses pensamentos, que foram denominados por Beck (Beck, Aaron T.) como “pensamentos automáticos”, entram em ação sempre que interpretamos qualquer situação.

A grande questão é reconhecer se esses pensamentos automáticos são funcionais, se nos fazem responder/agir de forma saudável, ou são pensamentos disfuncionais que geram sofrimento e atrapalham nossas relações e desenvolvimento.

O processo terapêutico é capaz de identificar essas reações e, com base nelas, trabalhar para modificar crenças disfuncionais-cristalizadas, e restabelecer os equilíbrios físico, psíquico e emocional.

Costumo dizer para meus pacientes que essa reorganização tem um lado ruim, que é descobrir que a culpa é do nosso “filtro” e não do mundo, mas um lado muito positivo também, descobrir que a solução está em nossas mãos e não em um medicamento raro que não teríamos acesso.

Os resultados desse trabalho são experimentados de forma benéfica em todos os aspectos da vida de um indivíduo. Eles geram mudanças comportamentais importantes para a conquista da ascensão profissional, para melhorar a qualidade dos relacionamentos sociais, afetivos e familiares e, é claro, minimizar ou acabar com sintomas de vários transtornos de personalidade e ansiedade.

Esse processo é capaz de mudar o lugar que uma pessoa ocupa no mundo, pois, afinal, quando mudamos o nosso comportamento, “forçamos” a mudança das pessoas e do mundo em relação a nós.