Conteúdo de Psicologia

SÍNDROME DO PÂNICO

De repente, o coração acelera, as mãos ficam trêmulas, a cabeça adormece, os pensamentos ficam confusos e uma agitação sem controle toma conta do sujeito. Ele quer sair de onde está, andar rapidamente para qualquer outro lugar, encontrar um hospital, sente-se perdido e acredita que pode morrer a qualquer momento. É uma sensação incômoda e aparentemente incontrolável, como se realmente o fim fosse iminente.

A escrita acima é uma das formas que um paciente descreve uma crise do pânico. Sintomas podem variar de pessoa para pessoa, mas o desespero diante do quadro é sempre o mesmo.

O Pânico é um Transtorno de Ansiedade que pode ser resumido assim: todos sentimos ansiedade, ela é parte de nós e um importante componente dos nossos mecanismos de defesa e motivação. Porém, quando fatores ambientais ou físicos desencadeiam um desequilíbrio nesse sentimento, podem ocorrer as crises. A grosso modo, é como se a ansiedade não coubesse mais em nós e fosse “explodir”, então ela se transforma em sintomas físicos e causam transtornos às vezes severos.

Nesses casos, nosso cérebro é incapaz de entender se uma situação está realmente acontecendo ou se estamos apenas imaginando/pensando nela. Então, mesmo que não estejamos em uma situação real de perigo, que o medo seja apenas fruto de fantasias, o cérebro processa a informação como real e o corpo passa a responder de acordo com aqueles estímulos. Por isso o sujeito sente, por exemplo, o coração acelerar sem motivos aparentes.

Por exemplo: Se você está em qualquer lugar e é abordado por um bandido, situação real de perigo, o seu corpo reage como em uma crise do pânico, porém, você não acredita que pode morrer, pois sabe que o seu coração está acelerado por medo da situação e não porque terá um ataque do coração. Do contrário, se os batimentos cardíacos saem do compasso porque você está apenas imaginando catástrofes e não sabe que, apenas imaginar, desencadeia essas reações, você pode acreditar que está correndo perigo de vida. Daí os sintomas são “alimentados” e a crise acontece.

Espero ter sido clara, porém, gostaria de ser ainda mais, quando digo que existe tratamento sério e eficaz para o Pânico. Há um caminho para que essas crises acabem e a ansiedade volte a agir apenas de forma benéfica em sua vida.

Margarida Antunes Chagas

 

TERAPIA PARA QUEM?

Perguntas & Respostas

Se eu começar a terapia, vou ter que fazer para sempre?
Em geral não, apenas se você quiser e se seu problema for crônico e demandar essa intervenção. Por exemplo, uma família que têm um filho autista pode precisar e/ou querer apoio de um profissional por um período bastante longo. Contudo, nos casos mais comuns, a terapia costuma ser breve, embora isso varie conforme a linha teórica do terapeuta e da vontade do próprio paciente.

Se alguém descobrir que faço terapia, vão achar que sou louco?
Como dissemos anteriormente, cada vez mais há uma aceitação social de que a terapia é um recurso válido e necessário para muitas pessoas, em certas situações. Portanto, está cada vez mais raro alguém considerar um paciente “louco” apenas porque ele vai a um terapeuta. De qualquer modo, você não precisa comentar com todo mundo se não se sentir à vontade, e pode não ligar para comentários inapropriados de algumas pessoas.

Como vou saber qual é a linha teórica do psicólogo? Preciso saber disso?
Você sempre pode perguntar a ele diretamente, caso ache que essa é uma informação relevante. O que importa é a maneira com ele enxerga a sua dificuldade, e como irá de ajudar com ela – talvez perguntar isso seja mais relevante do que você saber o nome da linha teórica dele.

Quando a terapia acaba?
Em geral, quando você sente que está bem e pode seguir sozinho. De acordo com a linha teórica, o psicólogo também pode indicar que você já não precisa mais de terapia.

Isabella Bertelli

 

MENOS ANSIEDADE, MAIS FELICIDADE

As mudanças de fase trazem muitos questionamentos e, como consequência, a construção de novas expectativas e mudanças em nosso esquema de funcionamento. O importante neste momento é celebrar o que o novo pode proporcionar, insistir no passado é tão sofrido quanto viver à espera do futuro.

A ansiedade, responsável por muitos transtornos da atualidade, é resultado deste processo. Os ansiosos não querem “ser o que são” ou “estar onde estão”, preferem reviver o bom ou esperar o melhor ainda. Este eterno ciclo de “não aceitação”, é claro, faz com que o indivíduo não enxergue a dimensão de possibilidades que existem no aqui e agora. Esteja física e emocionalmente em tempo real, procure sentir a cona a consequência esperada (isto será importante para o valor dado a conquista), estar “presente” no presente é essencial para a saúde física e mental.

Margarida Antunes Chagas

 

DEPENDÊNCIA. QUAL É A SUA?

Há muito tempo quero escrever sobre isso, pois é a realidade de muitos dos meus pacientes. Você depende do que? As pessoas costumam discutir no seu dia a dia a respeito das causas, dos sintomas e malefícios da dependência química. Alguns a entendem como doença – o que realmente é – outros vêem com certo preconceito, chegando a apontar “preguiça” ou “vagabundagem” do dependente.

Não tenho a intenção de me aprofundar neste tipo de problema, apenas faço o link para outra discussão. Pretendo com isso, não minimizar os riscos do alcoolismo ou dependência em drogas, apenas fazer um exercício para tentarmos entender o que se passa com estas pessoas e, quem sabe, ajudarmos de forma efetiva e não atuarmos como agentes de novos preconceitos e discriminação.

O processo da dependência, geralmente, tem início quando associamos uma situação ou substancia ao prazer, ou seja, no caso do alcoólatra, ele começa a fazer uso da bebida para relaxar e, como obtém o resultado esperado, começa a abusar. Com o tempo não percebe que a bebida começa a ser o “prazer” e não mais sua consequência. Tanto é que, em longo prazo, a pessoa fica sem perceber que a sensação boa já não existe mais. Na verdade, deu lugar a mais situações de stress. Neste caso, o quadro tem maior chance de acontecer quando o indivíduo tem componentes genéticos que fortalecem o estabelecimento da doença.

Qualquer dependência é assim: do trabalho, da comida, da religião, do sexo, do jogo, da mentira, da “bondade ou maldade”, da tecnologia, da academia e de qualquer outra forma que possa gerar uma compulsão por determinado comportamento. O exagero ou extremo de qualquer atividade é caracterizado como dependência e, como qualquer outra, gera prejuízos tão ou maiores que a dependência mais comentada. Isso porque em muitos casos é visto como saudável ou se justifica com “ela ou ele é/são assim mesmo”. Desta forma, tanto o dependente como os que estão ao redor sofrem durante uma vida toda e não procuram ajuda ou uma forma de minimizar as consequências.

Onde quero chegar? Perceba o seu pensamento que traz compulsão, por o que quer que seja, e entenda que a mesma força age em outras pessoas em situações diferentes. A dificuldade que você tem em controlar um comportamento, atividade ou situação o outro também tem. Cada um com sua fraqueza.

Buscamos minimizar nossas fraquezas maximizando as do outro. Este é um esquema bastante funcional para “nos sentirmos bem”, diminuir a ansiedade e buscar o equilíbrio emocional. Mas é bacana pensarmos que é funcional apenas para nosso equilíbrio e não para a sociedade. Não nos tornamos pessoas melhores “apontando a fraqueza dos outros”, isso, inclusive, é uma compulsão com sérios prejuízos . Somos melhores quando conseguimos entender que somos “iguais” em nossas “diferenças” e, isso, é a primeira lição para juntos, cada um da sua forma, diminuir qualquer que seja o mal.

Margarida Antunes Chagas

 

O HUMOR NOS RELACIONAMENTOS

Qual a importância do humor na relação?

O humor, em qualquer situação ou relação, é necessário para que possamos lidar com questões cotidianas e suas adversidades de forma mais leve e eficaz. Quando enfrentamos de forma bem-humorada os incidentes diários na vida de um casal, diminuímos o stress e encontramos formas mais inteligentes de resolver ou remediar uma situação desagradável. É claro que não devemos tonar a vida um espetáculo de picadeiro, ás vezes, é necessária seriedade para tratar determinados assuntos, porém o bom humor é essencial para uma vida a dois equilibrada e saudável.

É verdade que o bom humor pode salvar relacionamentos? Por quê?

Sim. É verdade. Pessoas com capacidade de enfrentar dificuldades a dois com alegria, são mais tolerantes e resolvem problemas pontuais descarregados de mágoas ou grandes frustrações. Se um embate termina com um sorriso ou uma gargalhada, essa lembrança será parte da contingência futura de um acontecimento parecido, diferente disso, a lembrança de um clima tenso pode desencadear nova discussão em relação ao mesmo assunto. O bom humor cria modos de funcionamento mais saudáveis e, um casal com esquemas sadios, costuma ficar junto por muito mais tempo.

Quais suas dicas para que os casais tenham uma vida mais leve?

Eu costumo dizer aos casais, na clínica, que deixem cada sentimento reservado para o momento adequado. Muitas pessoas ficam nervosas ou tristes ou aflitas vivendo situações que não pedem esse tipo de sentimento. Especificamente com casais isso acontece porque as pessoas são diferentes e enxergam o mundo de forma diferente também. Então, a melhor saída é tentar entender o seu parceiro (a). Deixem de olhar um pouco apenas para si mesmos (as) e enxerguem o outro. Percebam e tentem entender de que forma ele (a) enxerga os acontecimentos, se fizer isso, conseguirá compreender melhor os comportamentos diários da pessoa que está ao seu lado e, dessa forma, muitos dos conflitos e desentendimentos podem diminuir ou acabar. Lembrem-se, quando dividem a vida com alguém, não é a sua ou a identidade dele (a) que deve prevalecer e, sim, a identidade do casal construída pelos dois. E, se essa identidade conjunta tiver bom humor, serão ainda mais felizes.

Margarida Antunes Chagas